Como “colaboramos” com os conflitos no Congo

Uma série de conflitos atingem a República Democrátia do Congo desde, bem, praticamente desde que os belgas dominaram a área, cometeram genocídio e a chamaram de colônia.

Pode parecer que já ouvimos essa história antes: “Europeus conquistam um país da África, roubam todas as riquezas de lá e vão embora”. Nosso próprio país já passou por isso. Então o que há de tão diferente na história do Congo comparando com todos os outros países que foram um dia explorados?

É que a exploração no Congo ainda não acabou.

E o conflito no Congo “atinge” a todos nós. No centro das matanças e estupros está o mineral chamado COLTAN.

O que é o Coltan?
Coltan é abreviação para Columbita-tantalita, um mineral encontrado em grandes quantidades no Congo. O Congo possui 64% de todo o coltan no mundo. Quando o coltan é refinado, ele se torna um pó resistente ao calor que consegue armazenar cargas elétricas. As propriedades do coltan refinado são vitais na criação de dispositivos que armazenam energia ou capacitores, e ele está presente em praticamente todo aparelho eletrônico de nossa sociedade moderna: de laptops a celulares, de câmeras digitais a motores de aviões.

Quem são os principais exploradores de Coltan no Congo?

Ruanda, Uganda, Burundi e suas milícias mercenárias são os principais exploradores de coltan no Congo. Em um período de 18 meses, Ruanda fez 250 milhões de dólares como resultado de sua exploração no Congo. Apesar de Ruanda e Uganda possuírem pequenas reservas ou até mesmo nulas, suas exportações aumentaram exponencialmente.

Os residentes locais, cujo o estilo de vida foi destruído por décadas de guerras civis, são forçados a procurar esses “minerais de conflitos” em condições inumanas. Em 2008, quando não existia muita pressão internacional sobre o caso, foi feita uma estimativa de que cerca de 2 milhões de mineradores eram crianças, trabalhando em regime de escravidão.

Exploração das corporações estrangeiras
Apesar dos países mencionados acima explorarem diretamente o coltan; corporações transnacionais estrangeiras também têm se envolvido profundamente na exploração do Congo. No entanto, as Nações Unidas em seus relatórios sobre o Congo não culpam diretamente as corporações transnacionais pelo conflito no Congo, a ONU diz que essas companhias servem como “motores para o conflito no Congo”.

Então quando você ouvir sobre exploração desse tipo, você pode ter certeza que existem pessoas fazendo, muito, mas muito dinheiro. Nesse caso são corporaçõs como Nokia, Motorola, Dell, IBM, Apple, entre outras que usam dessa exploração para lucrarem.

E é aí que nós entramos.

TODOS nós somos consumidores dos produtos criados a partir dessa exploração a milhares de kilometros de distância. Nos EUA hoje a ONG Enough Project trabalha fazendo lobby junto ao Congresso americano exigindo que as empresas transnacionais não produzam nada com recursos naturais vindo de zonas de conflito, como o petróleo do Sudão e os minerais do Congo, por exemplo.

Para saber mais: http://www.youtube.com/watch?v=DkE_xHBxxtQ

No próximo post, qual a posição do Brasil na questão do Congo.